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A ESPERA DO CORAÇÃO | SHARI J. RYAN

” “Hora da morte …”, disse o médico.
Não esquecerei o momento em que olhei para Ellie – a palidez de suas bochechas rosadas, a tonalidade azul que reveste seus lábios perfeitos – a mulher com quem eu estive desde os cinco anos de idade. Minha esposa. Minha melhor amiga… e a mãe de nossa filha recém-nascida. Você me prometeu que ficaríamos juntos para sempre – eu queria dizer a ela. Ela me prometeu para sempre – eu disse a mim mesmo. Sua eternidade acabou aos vinte e cinco. “Você precisa se despedir …”, disse o médico.
Como digo adeus à única pessoa na minha vida a quem nunca consegui dizer adeus? Meu corpo está entorpecido e meu coração dói. Dói como se alguém o tivesse arrancado do meu peito. O que é irônico…
“Vamos remover o coração dela agora, Hunter. O desejo dela era doar ”, disse o médico. Ela nunca me disse isso.
Ela nunca me disse que outra mulher continuaria com seu coração batendo no peito. Ela nunca me disse que essa mulher me conhecia e não me deixou conhecê-la. Ela nunca me disse se eu deveria seguir o coração dela, ou se eu deveria seguir o meu. Ela sabia. Ela poderia ter me falado…”‘

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Foto: Reprodução/ Perfecto_Capucine/ Pixabay.com

Começar esse livro foi difícil, desde que li a sinopse já me trouxe dúvidas se deveria ou não ler. Eu já esperava uma história triste, e esse tipo de história mexe muito com o meu emocional. Depois de muito pensar, finalmente enfrentei.

Aqui temos uma história que nos apresenta o luto de forma bem descritiva, a superação e o recomeço. Eu amo o conceito todo do livro em poder explicar que podemos sim ter mais de um grande amor durante a passagem pela vida. Que mesmo perdendo alguém que você ama você não precisa morrer com o coração partido. E sim, a vida ainda pode te devolver o significado do amor, e é possível ser feliz novamente. Mas acredito que essa ideia deve ser escrita com muita cautela. O amor pelo cônjuge falecido não vai sumir. A escrita deve ser bem realista. Respeitar os limites. E mostrar que acima do amor pelo outro, também existe o amor próprio.

A história aqui é contada por Hunter Cole e narra a sua trajetória em se apaixonar por sua esposa Ellie, perdê-la no parto, criar sozinho sua garotinha enquanto tenta seguir em frente e possivelmente se apaixonar novamente. A vida dele tem sido bem difícil desde a perda da esposa e durante alguns anos ele encarou tudo isso sozinho e com o coração partido. Para fugir dos fantasmas do passado, em uma tentativa de felicidade, Hunter se muda com sua filha Olivia para uma nova casa. Olivia agora já está com cinco anos. Durante uma passagem pelo ponto de ônibus, ele conhece a Charlotte (que coincidentemente também é sua vizinha de frente). Charlotte é divorciada e também tem uma filha. É bem legal ver a interação deles, as crianças e os adultos começando uma amizade. Charlotte é uma mulher incrível, e desde o começo sua personagem já me cativou. Inteligente e madura, ela lida com tudo com muita maestria e paciência. Ao decorrer da história Hunter vai se envolvendo com a Charlotte, mais a chegada da mulher que recebeu o coração de Ellie, sua falecida esposa, muda tudo. A partir daí as revelações não param. E é aqui que eu comecei a desgostar de algumas coisas nesse livro.
Embora o livro tenha momentos ótimos e a dinâmica dos personagens seja bem gostosa, eu acredito que a autora perdeu a mão em alguns momentos. Não posso contar muito pelos spoilers, mas os motivos por trás da gravidez e morte da Ellie me deixaram triste. E mais ainda em relação ao coração doado pela Ellie. Parece que eu pulei do meio uma história para outra totalmente diferente. Hunter fica preso em seguir seu coração, e seguir o coração da sua falecida esposa. Essa parte me desagradou bastante e deixou tudo meio estranho. Mesmo com as confusões, tive o meu resultado esperado com a história e no geral, o livro traz aquele sentimento de aprendizado. Mostra que a vida é apenas uma passagem e que mesmo nos erros e nos acertos, estamos aqui para deixar nossa marca no mundo.
Como consideração final, esse não é um livro que vai entrar para os meus favoritos, mas também está longe de ser um livro que eu não gostei. A escrita é ótima e bastante intrigante. E tirando alguns detalhes, é um livro para se amar e se jogar.