Te Amo, Te Odeio, Sinto Tua Falta – Elizabeth Scott

“Já se passaram 75 dias. Amy está cansada do interesse súbito que seus pais tomaram nela. E ela está realmente cansada das pessoas perguntando por Julia. Julia se foi, e ela não quer falar sobre isso. Eles não entenderiam, de qualquer maneira. Eles não entenderiam como é ter sua melhor amiga arrancada de você. Eles não entenderiam como é saber que foi sua culpa. O terapeuta de Amy acha que ajudaria se ela escrevesse um diário. Ao invés disso, Amy começa a escrever cartas para Julia. Mas à medida que escreve as cartas, ela começa a perceber que o passado não foi tao perfeito como ela pensava – e que o presente merece uma chance também.”

Se alguém espera ler esse livro e depois sair dizendo: “aii que gracinha, tão lindinho!”, pode esquecer … Não tem nada de gracinha aqui. É um livro bem triste, que fez pensar muito nas minhas amizades, família e pessoas que tenho por perto e com certeza não quero perder. Mas, seu eu fosse avaliar a leitura com uma nota de 0 a 10. O 10 seria a nota mais perfeita e merecedora  que eu poderia dar.

Eu não posso tornar tudo melhor para você, Amy. Você mesma disse. Mas posso lhe dizer isso. O que você me disse agora não é sobre Julia. É sobre você. E você tem que fazer suas próprias escolhas, escolhas que só você pode fazer, então eu vou lhe perguntar uma coisa, e eu quero que você responda com sinceridade. Você pode fazer isso? — Não. Por um segundo, eu juro que ela quase sorriu. — Você quer ser feliz? — Sim. Não. Eu não sei. Que tipo de pergunta é essa? — Apenas uma simples, — ela disse. — Você quer ser feliz? — Eu não… Acho que não sei como. — Só você pode aprender, — ela disse.

Agora, para um segundinho para pensar na sua melhor amiga, pensar na pessoa que você mais ama no mundo, pensar nas  ações positivas e negativas que a fizeram tão especial para você. Pensar nas coisas que você fizeram juntas. Agora, pense em um trágico acidente onde essa pessoa morre. Pense em você ficar sozinho, e nunca mais poder ver, falar e sentir ela ao seu lado. E pense que isso, de alguma forma, é sua culpa.

È bem triste né? … Pois foi isso que aconteceu com a Amy!

O livro deslancha a partir de  Amy, uma garota de 16 anos, que  está em uma clinica de reabilitação escrevendo uma carta pra Julia. No começo fica tudo muito vago, perdido. Não dá para saber quem é a bendita Julia, e muito menos  porque Amy, escreve a  carta para ela. Mas aos poucos, vamos conhecendo as duas e ligando os fatos.

Não espere ver uma garota adorável, aquele personagem perfeito e cheio de carisma. Pelo contrario, veja uma menina atormentada  por um passado onde sua melhor amiga acaba de morrer, seus pais que nunca ligaram para ela agora fazem o papel de “super pais preocupadinhos” e todas as pessoas do mundo, continuam perguntando sobre a ultima coisa que ela quer falar….  Julia.

A ideia de criar as cartas, surgiram quando a psiquiatra de Amy, a incentiva a fazer um diário, e assim, expulsar todas aquelas magoas e ressentimentos que não conseguia contar a qualquer pessoa. Mas, na opinião de Amy, diário não passa de uma tremenda basbaquice. Então, porque não escrever uma carta a unica pessoa que poderia entende-la nesse momento, mesmo sabendo que ela não poderia ler e muito menos responder?

Aos poucos, vai sendo possível entender o que acontecia quando Julia, ainda estava viva. Amy, conta como ela sempre bebia em festas porque não se sentia adequada, não se sentia muito bonita ou interessante, e ela conta como perdeu Julia, e vai revelando como ela se sente profundamente responsável por isso, o sentimento de culpa dela por perder a amiga é fortíssimo.

O mais emocionante, é ver a luta pra superar o vício pelo álcool e superar a morte da amiga. Mesmo tendo que passar por cima de família, colegas de escola e principalmente pela mãe de Julia, que a culpava imensamente.

As cartas apareciam no meio do enredo e junto com elas  minhas lagrimas escorriam. E tudo que já aconteceu na minha vida, junto com as minhas amigas, vinha na minha mente, impossível não comparar as situações e as reações, onde tudo  a fazia lembrar de  Julia, impossibilitando deixar tudo para trás e prosseguir com a sua vida.

Na alta descarga de sentimentalismo, é possível observar que alguns colegas da escola acabam ajudando, e que Patrick, um garoto calado, que tem a sua própria história e com quem Amy,  já teve um rolo também ajuda muito. Mas toda a sua superação, teve que partir primeiramente dela.

O mais bacana, é que os personagens não são nem um pouco perfeitos. Eles fazem muita bobeira, não tem um pingo de cabeça e levam suas idiotices ao pé da letra. E tudo isso só deixa o livro muito interessante.

Aqui, não vai ter meio termo. Ou você vai amar, ou vai odiar.

O livro é bem fraco em complexidade da narração. Se você espera  um romance instigante e apaixonante, vai se decepcionar.

Então porque eu dei quatro unicórnios? 

Exatamente porque ele não tenta ser nada além do que ele já é. Não há uma historia fantástica. Há apenas, uma garota que perdeu a pessoa mais importante pra ela. E é isso. A autora, na minha opinião, conseguiu escrever sobre o luto de uma maneira tocante e honesta.  Pois apenas o tempo consegue curar feridas tão profundas.

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ISBN-13: 9788564025127
ISBN-10: 8564025124
Ano: 2011 / Páginas: 180
Idioma: português
Editora: Editora Underworld

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